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Do jornalismo

por umavidasemcouves, em 30.11.13

Um jornalista (por quem até sentia admiração, por acaso) resolveu tatuar o logotipo do local de trabalho num braço. Pode ter sido uma forma de demonstrar gratidão, mas parece-me uma atitude inacreditável. Dá direito a promoção fazer isso? Como poderá trabalhar noutro local qualquer com aquilo tatuado no braço?

 

Se ele for aumentado, amanhã vou fazer o mesmo. Na pila, como diz um colega meu.

 

Há limites.

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21/11/2004

por umavidasemcouves, em 21.11.13

Faz hoje nove anos. Esta noite. A noite que nunca esquecerei.

 

Eu sabia que o meu pai tinha os dias contados. O cancro estava incontrolável, nada havia a fazer a não ser esperar pelo último suspiro e tentar minimizar o sofrimento.

 

Recordo-me como se fosse ontem. O dia 20 de novembro de 2004 aconteceu num sábado. O meu pai repousava numa cama especial na sala, quase em coma. Ir ao médico já nada evitava. O Sporting jogou nesse dia com o Beira-Mar e empatou 2-2. De seguida, o FC Porto recebeu o Boavista e perdeu por 1-0. Marcou o Cafú.

 

A minha mãe foi deitar-se e o meu irmão também foi descansar. Quis o destino que a última noite de vida do meu pai fosse comigo a seu lado. Enquanto ele descansava, eu tentava ver televisão. Vi o Dream Catcher, um filme sobre uma obra do Stephen King. A dada altura, vi o meu pai e já mal respirava. Não quis acordar a minha mãe.

 

Acordei o meu irmão e disse-lhe que o pai não estava bem. Ele levantou-se, a minha mãe percebeu e, eram 3 da manhã, resolvemos chamar o INEM. Os paramédicos foram sinceros. «Restam-lhe poucas horas de vida. Podemos levá-lo para o hospital, mas nada poderão fazer. A decisão é vossa.»

 

E decidimos que o meu pai iria morrer em casa, na mesma sala onde passou várias horas a dormir, enquanto fingia ver televisão. Era o sítio preferido dele. Talvez por ser o filho mais novo, o meu irmão e a minha mãe decidiram que eu devia descansar, que não devia estar ali. Não consegui dormir.

 

O relógio marcava 6 horas já no dia 21 de novembro de 2004 quando ouvi o choro do meu irmão e da minha mãe. Percebi logo o que tinha acontecido. «O pai já morreu», disse a minha mãe.

 

Por mais que eu estivesse à espera, nunca estamos preparados para perder um dos nossos. Recordo-me de sentir alívio por finalmente o inferno ter terminado. O meu pai estava a descansar e a morte acabou por ser libertadora.

 

Seguiu-se o funeral e depois chegou o pior dia da minha vida. Pior do que o velório, pior do que o funeral, foi o dia em que percebi que jamais iria ver o meu pai. Nunca mais. Esse foi o dia em que mais chorei em toda a minha vida.

 

Os anos foram passando e há dias em que já nem penso no meu pai. E aí sinto-me a pior pessoa do Mundo.

 

Tenho pena que ele não esteja cá. De uma coisa tenho a certeza. Se estivesse, continuava a comprar o Record.

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Israel

por umavidasemcouves, em 17.11.13

Israel é um sítio estranho. Quando chegamos ao país, somos interrogados como nunca fomos na vida, sentimos que não nos querem ali. Que é um enorme favor que nos fazem. 

 

As ruas estão limpas, alguns judeus vivem bem, mas não se vê um único sinal de luxo. Não sei o judaísmo proibe a ostentação, mas acho isso curioso. Os costumes dos israelitas são curiosos. Não misturam carne com leite, o porco é proibido e só comem alface depois desta estar meia hora de molho. Carne só de animais ruminadores com casco fendido, o porco é proibido. É o que diz a Kasherut e que ninguém a coloque em causa.

 

Telavive é uma cidade estranha. Bonita, simples, mas estranha. O mar Mediterrâneo transmite-nos uma tranquilidade enorme, dá-nos uma espiritualidade como nunca sentimos. Se calhar é da distância e quem visita a Costa de Caparica diz o mesmo. De Telavive diz-se que é a cidade que nunca dorme, o local onde estão as grandes fortunas judias. Confere, há uma barulheira que nunca termina.

 

Vê-se pouca pobreza, mas vários edifícios estão degradados. Talvez seja ainda da Guerra do Golfo e estejam nesse estado para que ninguém esqueça. Nas ruas ninguém parece preocupado, mas é tudo tão estranho. Num lugar onde há tanto ódio, como conseguem eles viver tão tranquilamente?

 

Ver o Mediterrâneo sem o meu amor não faz sentido. Ela ia adorar isto. Quando estou ali e olho para o horizonte, fecho os olhos e tento transmitir-lhe a vista e a paz que traz.

 

Aqui é o que me faz mais falta. Aqui era só eu, ela e a aquela vista.

 

(depois mostro-vos fotos)

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Os aeroportos

por umavidasemcouves, em 16.11.13

Quem me conhece sabe que sou um gajo escatológico. Opá, sou. E tenho uma mania. Gosto de cagar em aeroportos.

 

É como se fosse o meu passaporte de merda. As casas de banho são todas iguais, mas não há nada como uma cagada internacional.

 

Já defequei em Espanha (Barcelona e Madrid), Holanda, Alemanha (Munique e Hamburgo, faltou-me Dusseldorf), Malta, Paris e Polónia. Hoje estive pela primeira vez no Ataturk (Istambul, Turquia) e no Ben Gurion (Telavive, Israel).

 

Mas não deu.

 

Foram quatro horas e meia de Lisboa à Turquia, num voo repleto de muçulmanos com monocelhas e brasileiras na menopausa. Não sei o que é pior. Pelo que percebi, o Samsung Galaxy é popular no mundo mouro.

 

Assim que saí do avião, apareceu-me a policia turca. Mostrar o passaporte, passar de novo a revista e correr para o voo de ligação. No meio de tanta azáfama, não deu para evacuar.

 

Mais hora e meia até Telavive, meia dúzia de perguntas de um senhor pouco simpático e ir a correr para o hotel. E a grande cagada do dia, guardada para um qualquer aeroporto...acabou por ser num hotel.

 

A sério, tenho problemas.

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A minha tia

por umavidasemcouves, em 14.11.13

Demoraram 80 anos a dar a minha tia como louca. «Distúrbios mentais e agressiva» foi o diagnóstico médico. 

 

Eu já sabia há quase 20 anos que a mulher era doida, mas nunca ninguém me deu ouvidos.

 

Será que a cena é hereditária?

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As capas

por umavidasemcouves, em 14.11.13

Tenho um problema com a tecnologia. Quero tudo.

 

Smartphones, tablets, LED's, tudo. Mas o meu maior problema não é a tecnologia. São as capas.

 

Acho que já gastei mais dinheiro em capas do que em telefones e tablets. Quando adquiri o iPhone 4 devo ter comprado umas seis capas. E nenhuma servia. Ou eram largas, ou eram apertadas, ou não gostava do aspecto, ou aumentava o volume do aparelho.

 

Depois caguei nas capas e comprei as películas. Duravam uma semana, o tempo suficiente para aparecerem as bolhas e arrancar aquilo.

 

O iPhone 4 fez dois anos e comprei o modelo seguinte: o iPhone 5. Já tenho três capas para esse. Uma comprei no mesmo dia em que comprei o telefone. Mas depois tinha um efeito qualquer atrás e desisti. A seguir comprei uma daquelas em pele que abrem e fecham. A seguir resolvi comprar uma azul. E não gosto de nenhuma delas.

 

A minha busca pela capa perfeita continua e não chego a conclusão alguma. O que eu gosto mesmo é de andar com o telefone «ao natural», sem capas e películas, a tratá-lo como se fosse uma relíquia e a preferir que eu parta uma perna do que ver o telefone cair ao chão. Fico aterrorizado só de pensar nisso e volto a pôr a capa no smartphone. «Assim não se risca e dura mais», penso eu.

 

Que raio faço eu, meu Deus? Ponho a capa ou não?

 

Eu tenho um problema.

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A Isabel

por umavidasemcouves, em 13.11.13

A Isabel morreu ontem.

 

Foi minha colega no 12.º ano, apareceu na minha turma já nem me lembro como. Lembro-me que fazia trabalhos de atriz, chegou a aparecer em séries da SIC. Recordo um sorriso fácil, uma miúda simples. Nunca falei muito com ela, confesso, mas nunca me tratou mal.

 

Soube ontem da morte da Isabel. Quando me disseram, tive de esforçar para a recordar. Devia ter uns 31 anos, mas o cancro não lhe perdoou.

 

Puta de doença.

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Os cãezinhos

por umavidasemcouves, em 12.11.13

Começo a perder a paciência para os cães.

 

A coisa está má, toda a gente sabe, e ter filhos é coisa nada fácil. Compreendo isso tudo.

 

Talvez devido a essa dificuldade, virou moda ter um cão. Mas não um cão qualquer. É bulldogues franceses, é pugs e bichos com orelhas enormes. Caros como tudo e com cuidados de manutenção que poucos imaginam.

 

As redes sociais viraram espaço para exibir os cães e os gatos. São vídeos e fotos dos animais a dormirem, a fazerem caretas, até a cagarem, se for preciso. As ruas estão cheias de cães, é merda por todo o lado e até já lhes compram roupa. Cães com mantas!

 

Puta que pariu os cães.

 

Quero um rafeiro malcheiroso e que tente enrabar os cãezinhos pequenos. Isso sim.

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Sobre a Margarida Rebelo Pinto

por umavidasemcouves, em 07.11.13

A Margarida Rebelo Pinto falou e está a ser chacinada por tudo e por todos.

 

A senhora teve a ousadia de ir à televisão e insurgir-se contra as manifestações contra a austeridade. Diz ela que está chocada por ver tanta violência junto à Assembleia da República.

 

Vi tudo aquilo que a escritora disse e acho que só por maldade se pode dizer tudo aquilo que tem sido dito. O pensamento de Margarida Rebelo Pinto até é articulado e defendido. Não concordamos com ela? A vida é assim mesmo. Não merece ser apelidada de «uma merda». Ao que isto chegou!

 

Se a Margarida Rebelo Pinto não escrevesse livros fúteis, será que havia tanta confusão? Se calhar, o nosso problema é que a Margarida Rebelo Pinto, mesmo com todos os cortes que sofreu como nós, não sente tanto a austeridade como nós. Se calhar, a culpa é mais de quem consome a literatura fútil do que de quem a escreve. Se calhar foram os «Sei Lás» da vida a dar-lhe essa qualidade de vida.

 

Em parte, eu concordo com a escritora. A mim também me custa ver tanta manifestação, sobretudo porque vem quase toda da função pública. Todas as semanas há paralisações por tudo e por nada. No setor dos transportes, as greves chegam a durar semanas.

 

Andámos a viver acima das nossas possibilidades e agora temos de sofrer. Aprender a viver com menos, com pouco. Acham que a mim não me custa? Custa-me e não é pouco. Mas é um caminho inevitável e acredito que um dia estaremos melhor.

 

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Venci a preguiça*

por umavidasemcouves, em 04.11.13

 

Hoje venci a preguiça. Mas não foi nada fácil.

 

Disse a mim mesmo, ontem à noite, que tinha de ir hoje ao ginásio, desse lá por onde desse. E a única forma de dar era...às 8 horas.

 

Chegado à casa às 1h30 horas, tinha de estar a dormir às 02h. Mas não deu. Acabei a noite a organizar a marmita do dia seguinte, a montar um chuveiro (onde raio ponho aquela borracha?!), a deixar a roupa toda direitinha para a vestir no dia seguinte e lá fui dormir, tarde e más horas.

 

Perdi o sono quando vi que tinha sido comido. Acabou ali. Socorri-me do iPad, mas nem ele me adormeceu. Ao todo, devo ter dormitado umas três horas e, às 7 horas, já eu estava a pé.

 

Saí de casa com a cama feita e já treinava ás 8h15. Foi uma hora sempre a bombar, que me deixou todo orgulhoso, mas o preço a pagar foi caro. Seguiu-se uma ida á farmácia e a habitual viagem a Setúbal.

 

Dali só saí às 14h15 e almoço só às 16h.

 

Agora estou aqui que não me aguento, a precisar tanto (!!) de dormir e de descansar. Mas venci a preguiça.

 

* mas agora estou todo fodido

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