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Spanish announce table

por umavidasemcouves, em 27.01.14
As pessoas ficam em choque quando eu lhes digo que adoro wrestling. Comecei a ver quando ainda era miúdo, como muitos outros, quando a RTP transmitia aos sábados de manhã. A partir daí houve um hiato e o wrestling apareceu em força a partir de 2003, creio.

O wrestling surgiu na altura mais complicada da minha vida. Por força da doença do meu pai, agarrei-me ao "heavy metal", ao cinema e ao wrestling para suportar o acompanhamento psicológico. Havia qualquer coisa de mágico naquilo. O espetáculo, as personagens, quase como se fosse um desenho animado na vida real.

Entregava-me àquilo de corpo e alma. Sem pensar. Foi aqui que comecei a pesquisar mais sobre a coisa, foi aqui que aprendi o que era um "face", um "heel" ou um "angle". Foi aqui que aprendi que o wrestling era uma novela, que existia uma história, tal como nos filmes. Que não era tanga, mas que andava lá perto, que tudo obedecia a um guião.

Em vez de me desinteressar, agarrei-me ainda mais àquilo, ao ponto das noites de sexta-feira serem sagradas. Saía do consultório da psicóloga e via o Monday Night Raw. E não pensava em nada.

Passados uns anos, fui ver o espetáculo em direto e dei comigo no aeroporto à espera de fotografias e autógrafos, algo que nunca fiz e nunca farei por qualquer jogador de futebol. Aos poucos deixei de acompanhar, até 2011.

Fiquei com SportTV por acidente e voltei a entrar em contacto com aquele Mundo. Até hoje. Hoje não perco um episódio, compro PPV, consulto sites e blogs e ando sempre atualizado. Até participo em programas de opinião. E adoro.

Hoje foi a noite da Royal Rumble, para mim, a melhor noite do ano. Foram três horas sem tirar os olhos do ecrã, sem pensar em nada. Não tenho metade do gozo a ver futebol do que tenho com wrestling. E hoje, se me obrigarem a escolher, nem hesito.

Pelos vistos devo ser um cromo.

(A spanish announce table é a mesa dos comentadores espanhóis, que falam em castelhano para os espetadores latinos. E que é destruída em todos os Pay Per Views)

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O Conselho de Praxe.

por umavidasemcouves, em 22.01.14

Ouvi a notícia durante o jantar e ia cuspindo as batatas. Os pais dos jovens que morreram na praia do Meco, levados por uma onda, fizeram um ultimato ao Conselho de Praxe da Universidade Lusófona. Exigem saber o que aconteceu aos filhos. Só assim conseguirão fazer o luto em paz. Mas o Conselho de Praxe nada diz e a única testemunha, a única pessoa que pode contar o que realmente aconteceu, recusa falar. Agora alega ter uma amnésia seletiva.

 

Resta, então, tentar imaginar o que aconteceu. E todos os sinais apontam para uma praxe que acabou em tragédia. O que acho mais incrível é que ninguém consegue saber o que aconteceu e os próprios alunos, supostamente pessoas inteligentes, calam-se devido a um inacreditável código de silêncio, como se fossem de alguma irmandade secreta. Estamos a falar de um Conselho de Praxe, uma merda menos importante do que o clube de Tupperware que junta senhoras do bairro.

 

Vem isto a propósito das praxes. Eu entendo o conceito de praxe. A entrada numa universidade, supostamente, é algo único na vida e compreendo a história que um ritual de iniciação pode ter. Já entendo menos que esse mesmo ritual acabe em humilhações, em situações estúpidas e caricatas. Não vejo qualquer dignidade a andar todo pintado ou de pijama na rua, a pedir dinheiro a quem passa ou a pedir sexo, como geralmente acontece nas praxes portuguesas. 

 

As minhas praxes até foram leves, mas bastou um deles mandar-me ao chão duas vezes seguidas para eu o insultar. Mal o mandei para o caralho, ele percebeu que não era mais do que eu e depois até lhe pedi desculpa pelo meu comportamento. Fosse um "veterano" qualquer a dar-me ordens, como se mandasse alguma coisa e tinha levado um soco a seguir.

 

O problema das praxes é que quem sofre, no ano seguinte faz e a dobrar. E a coisa vai piorando. Como podem aqueles seis jovens ter achado normal ir para o Meco, numa das noites mais perigosas do ano...para serem praxados? Não consigo compreender. Não viram que o mar estava perigoso? Ou a tempestade começou quando estavam no areal?

 

No meio disto tudo, seis famílias estão de luto por uma estupidez. Nunca mais vão ver os filhos depois de uma estupidez. Esta era uma boa altura para acabar com as praxes e tentar perceber para que raio serve um ritual desses.

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Cadete.

por umavidasemcouves, em 22.01.14
Quando era miúdo não havia nada mais importante para mim do que o Sporting. Bom, talvez a comida. De resto, nem a família, nem a escola, muito menos os amigos que não abundavam. E aqueles que existiam não eram muito simpáticos.

Cada vitória do Sporting era o mais importante da semana, fosse no futebol ou no andebol. Até no voleibol, qualquer coisa servia. O meu herói era o Balakov, o melhor jogador de todo os tempos, qual Ronaldo, qual Messi. Antes do Messi nascer, já o Balakov os fintava a todos, fazia cuecas ao guarda-redes e fazia golo. O Messi jamais marcaria um golo aos 19 segundos de jogo contra o Benfica, num relvado cheio de fumo. Adiante. Também havia o Cadete.

Era um avançado loiro, que marcava golos a todos excepto ao FCP e ao SLB. Uma vez, o Cadete marcou dois golos ao Celtic para a Taça UEFA, num estádio com 75 mil pessoas. A festejar, o Cadete berrava como ninguém e parecia o homem mais feliz do Mundo. Naquele momento, eu queria ser o Cadete. O Cadete fez parte da melhor equipa do Sporting de que me lembro, destruída por um treinador incompetente, que conseguiu apenas ganhar uma Taça de Portugal. O Cadete foi para o Brescia, foi estrela no Celtic e fez o contrato da vida com o Celta de Vigo. Chegou a marcar em Camp Nou, ao Barcelona.

Aos 30 anos, o Cadete assinou pelo Benfica e, numa certa noite de janeiro, em 1999, suicidou-se profissionalmente, quando ganhou em Alvalade ao serviço do Benfica e gozou com quem lhe deu de comer durante vários anos.

Ao longo deste anos todos, acumulou um milhão de euros, casou duas vezes e teve uma filha. Hoje, aos 45 anos, vive em casa dos pais, viu o Governo cortar-lhe o Rendimento Social de Inserção (recebia 189 euros), esbanjou todo o dinheiro que tinha, participou num reality show, tem uma filha que não lhe fala e ainda paga dois divórcios. E contou a sua história à SIC, na tentativa que alguém lhe dê a mão.

Jorge Cadete simboliza aquele jogador de futebol que ficou rico, mas nunca se valorizou. Ainda hoje tem o oitavo ano. Uma serie de maus investimentos deixou-o na ruína e foi aqui que percebeu que não tem amigos. E o mesmo Cadete que encantou um estádio com 75 mil pessoas é hoje um homem derrotado.

Há quem avise que este tipo de reportagem tem de ser mostrada a todos os jovens que sonham ser jogadores de futebol. Concordo. Mas isso não vai valer de nada.

Hoje, no mundo de futebol, vejo miúdos já com empresario. Aos 19 anos andam todos a conduzir Audis. Não estudam e passam os tempos livres a jogar consola e a fazer tatuagens. Muitos vão acabar como o Cadete, falidos, sem terem onde cair mortos e, pior, sem rumo na vida. Eu cá estarei para contar essas histórias. E não serão tão poucas quanto isso.

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Frustração

por umavidasemcouves, em 21.01.14
Uma história promissora acabou por não dar em nada. Foram nove telefonemas, fora os que não atenderam. Hoje, entre SMS e telefonemas, falei com mais de doze fontes.

Mas a montanha pariu um rato e a história promissora acabou em nada. E o produto final acabou numa valente merda.

Vou dormir.

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Coitadinhos.

por umavidasemcouves, em 20.01.14

Detesto pessoas que se fazem de coitadinhas. Que utilizam as redes sociais para informar a todos que morreu a avó, o cão e o canário, numa tentativa de ter a empatia de todos.

 

São posts a dar ao coração, que resultam em comentários de dezenas de pessoas a dizer «Força» e «Estamos contigo», como se aquelas pessoas estivessem realmente interessadas na dor de quem escreve. Quem está triste e sofre pela perda de alguém, não precisa de publicitar a dor nas redes sociais. Muito menos ganhar um obituário no jornal.

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Discussões importantes

por umavidasemcouves, em 19.01.14

A sociedade portuguesa discute a aprovação do referendo sobre a adoção e coadoção de crianças por casais homossexuais. Multiplicam-se as opiniões, acusam-se pessoas de serem discriminatórias por não quererem ver uma criança com dois homens ou duas mulheres.

 

A mim faz-me muito mais confusão a taxa de desemprego, não sabermos o que vai ser deste País quando a troika sair do que esta questão que será referendada. Faz-me muito mais confusão ver pessoas dez horas à espera nas urgências de um hospital, simplesmente por que o Governo encerrou os Centros de Saúde e as pessoas ficam apavoradas quando dão dois espirros seguidos.

 

A mim, faz-me muito mais confusão que um grupo de jovens tenha morrido no Meco, numa história mal contada e com um grupo de alunos (supostamente inteligentes) num estúpido código de silêncio porque, afinal, tudo não passou de uma praxe que acabou em tragédia.

 

Mais do que a adoção de crianças por casais homossexuais, faz-me mais confusão toda a incompetência que reina em algumas empresas, que também nos impede de sair desta situação. Mas todos nós temos de ser solidários e ai de quem admita que não quer crianças a serem criadas por homossexuais. Somos logos acusados de tudo e mais alguma coisa.

 

Sabem que mais? Acho que vou passar este referendo. Acho que temos coisas muito mais importantes para discutir. Talvez um dia possamos discutir a importância cada vez maior que o lobby gay começa a ter na sociedade. Isso seria uma excelente discussão. Já estou como aquele ouvinte que entrou no Fórum TSF, durante o caso Casa Pia e disse: «Isto não é só pedofilia. Isto é paneleiragem.»

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A humildade.

por umavidasemcouves, em 16.01.14

Uma vez, uma ex-namorada minha disse-me na cara que eu de humilde não tinha nada. Aquilo atingiu-me. Sempre me considerei numa pessoa simples, humilde e modesta, mas aquela frase fez-me perceber algo: ela tinha razão.

 

Foi preciso chegar aos 30 anos para perceber que de humilde não tenho nada. Odeio pessoas humildes. E detesto a humildade. Sobretudo aquela falsa, das pessoas que se dizem humildes, mas que se fazem de coitadinhas. Eu não sou humilde, talvez nunca tenha sido, mas sou bom. E sei que sou bom.

 

Tenho para mim que quem é bom naquilo que faz não tem de ser humilde. Vejam o Cristiano Ronaldo. Também não tem de se fazer disso uma forma de arrogância, uma coisa não leva à outra. Se somos bons naquilo que fazemos, temos mais é que nos valorizar, porque mais ninguém vai fazer isso por nós.  

 

E eu sei que sou bom. E não há ninguém que me possa dizer o contrário. Não tenho a mania que sou muito bom, mas sei que posso ser muito melhor. E quero ser muito melhor. Quero ser o melhor. E isso não se consegue quando se lida diariamente com a mediocridade e a preguiça.

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O que podemos aprender com CR7

por umavidasemcouves, em 15.01.14

Cristiano Ronaldo venceu a segunda Bola de Ouro da carreira, símbolo do melhor futebolista do Mundo em 2013. O sucesso de CR não foi ditado por aquele jogo na Suécia, mas começa em dias como o de hoje e o de amanhã, em que não há jogos. É aí que está a base do êxito do futebolista.

 

Cristiano Ronaldo é o melhor do Mundo porque sempre acreditou ser o melhor. É alguém com um talento enorme, mas que sempre soube que esse talento, sem trabalho, não o iria levar a lado algum. Olhem para Ricardo Quaresma, alguém com a mesma qualidade e vejam onde estão ambos. Ronaldo é alguém obcecado pelo treino, que trabalha a toda a hora, que passa horas no ginásio e mais horas no relvado a treinar, a aperfeiçoar aspetos técnicos do jogo. Faz lembrar o tenista Arthur Ashe, que fazia mil serviços por dia ou o basquetebolista Larry Bird, que passava a vida a lançar ao cesto. Nos momentos de pressão, nunca falhavam. Fora do relvado, é especialista no treino invísivel. Não fuma, não bebe, a alimentação não tem falhas e o descanso é sagrado. E assim se impedem lesões.

 

Quatro anos depois da primeira Bola de Ouro, vimos um CR7 a chorar, junto ao filho. Vimos uma pessoa melhor, um homem adulto e não um miúdo. Vimos um Cristiano Ronaldo mais confortável no papel de Cristiano Ronaldo. Alguém sem nada a provar, que um dia pôs na cabeça que seria o melhor do mundo e que não descansou até o conseguir. Alguém narcisista, mas que utiliza essa obsessão para ser ainda melhor, para quebrar todos os recordes, para ser imortal.

 

O que mais adoro em Ronaldo é a falta de humildade. Quem é bom não tem de ser humilde. Só fica mal. Cristiano Ronaldo é o exemplo para todos nós de que a competência vence. Que o trabalho leva-nos onde nunca pensámos ir e que a única pessoa que tem de acreditar somos nós próprios. E mais ninguém. CR7 tem uma determinação poucos atletas têm e isso é a razão do seu sucesso. A mim, que conheço a sua história e percurso, deixa-me motivado. Se um miúdo pobre da Madeira disse a ele próprio que seria capaz (e foi!), não há desculpas. E essa é a maior lição que Cristiano Ronaldo nos pode dar. Não precisamos de ter um Porsche ou uma Bola de Ouro para sermos o Cristiano Ronaldo.

 

 

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Exames anais.

por umavidasemcouves, em 10.01.14
Tenho de fazer uma colonoscopia daqui a dez anos. Aproveitei hoje uma pausa para café e marquei já uma hoje no Serviço Nacional de Saúde.

Incrível a lista de espera em Portugal para nós enfiarem uma sonda no cú.

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Secret story

por umavidasemcouves, em 10.01.14

O dialógo tipo de um reality show português

 

Loira 1: - P**a, andas-te a fazer de sonsa. Falsa! A mim não me enganas!

Loira 2: -Falsa, eu? Não tiras os olhos do meu homem! Achas que ainda não te topei, p**a do c*****o?!

Loira 1: - Não tenho culpa que o teu homem não tire os olhos de cima de mim. É só olhar para ti e percebe-se logo!

Loira 2: - Sua vaca! Eu vou-te aos cornos!

 

(enquanto uma pessoa come um iogurte, surge a Loira 3)

 

Loira 3:- Loira, 2, não faças isso! Olha que eu perdi por causa disso!

Loira 2 - Achas que eu vou perder tempo com esta p**a? Vaca do c*****o anda a gamar na Zara!

Loira 1 - Eu a gamar a Zara? Lá fora eu f**o-te toda! Eu sou frontal e digo as coisas na cara. Não sou falsa!

Loira 2: - Tu, frontal? Eu é que sou humilde, os portugueses sabem isso!

 

Agora é imaginar este diálogo, em que todas estão com óculos de sol. 15 minutos depois, partilham o mesmo sofá e fumam na boa.

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