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Andreas Lubitz

por umavidasemcouves, em 26.03.15

Poucas notícias me deixaram tão chocado como a da queda do avião da German Wings, nos Alpes franceses. As conclusões a que se chegaram são aterradoras. Pior do que uma avaria técnica, é o co-piloto provocar, deliberadamente, a queda do aparelho. Assim, em menos de nada, assassinou 150 pessoas. Mulheres, crianças, pessoas que nada tinham a ver com ele, que iam descansadas naquele voo. Depois desta notícia, vai-me custar voltar a entrar num avião, confesso. Mas o que mais me surpreendeu foi a forma como tudo foi revelado por parte da Lufthansa. Sem rodeios, sem nada escondido. Toda a verdade foi revelada e deixou-nos com várias questões na mente. No meio disto tudo, só consigo pensar na família do co-piloto, cuja vida será devassada daqui para a frente. Tal como aquelas 150 pessoas, nada tinham a ver com o que ia na cabeça daquele homem. E, agora, vão viver com isso até ao resto da vida.

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O running

por umavidasemcouves, em 24.03.15

O meu fim-de-semana foi inundado por fotos e mais fotos da Meia Maratona de Lisboa. O Mundo parece que se dividiu entre os que correm e os que não correm. Esperem, não é correr, é running. Nos últimos anos, a moda pegou e virámos todos quenianos. Do nada, pessoas que nunca fizeram exercício andam a correr 20 quilómetros. Assim, sem preparação nem nada. E não o fazem por bem-estar. Fazem-no para se armarem nas redes sociais, como se fossem os maiores. Anda tudo magro, chupadinho, a correr (perdão, no running) sem qualquer preparação, ignorando os perigos daquele exercício. Na Meia Maratona, um alemão morreu por cansaço. Mas nem isso serve de alerta. Eu raramente corro. Não gosto. Tenho as roupas próprias, mas não nasci para aquilo. Volta e meia lá vou, depois paro três meses, e regresso. Amanhã vou tentar ir. Pode ser que também corra 20 quilómetros ;)

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Casca grossa

por umavidasemcouves, em 21.03.15

Depois de vários meses a levar porrada, a ser finalizado com chaves de braço, estrangulamentos e omoplatas, hoje tive a minha primeira vitória por armlock. Foi a chave de braço mais padeira de todos os tempos, mas resultou. E foi giro ver faixas pretas a fazerem 50 flexões e eu nada. Um grande perdão à minha namorada por ter ficado no carro à espera.

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E ontem quase chorei

por umavidasemcouves, em 08.03.15

Sem nunca julgar, a semana que agora termina acabou por ser inesquecível. Começou com o meu 32.º aniversário, num dia simples, mas perfeito. Perfeito porque foi na melhor companhia, ao lado da minha família, de alguns amigos e, sobretudo, da minha namorada. Alguém que passou uma noite a fazer-me um bolo só para que eu me sentisse especial. Pôs um dia de folga para estar comigo, jantou com a família que agora também é dela, abraçou as sobrinhas que agora também são dela.

 

Pelo meio, tive tempo para ir à aula de jiu-jitsu, algo inacreditável há uns meses. Desde dezembro que a palavra que mais oiço é “Porquê”. “Tu, a fazer jiu-jitsu? Porquê?”, “Isso não tem nada a ver contigo” ou “Porque andas a fazer isso? Vais-te magoar”. Porquê? Nem eu sei. A viver num local novo, sem conhecer ninguém e a adaptar-me a uma nova vida, pensei que o desporto me ia fazer bem. Não queria ginásios. E aquele panfleto da Academia que me chegou à caixa de correio teve tudo para ser salvador.

 

Quando lá entrei, eu queria fazer ginástica de manutenção, desconhecendo que era para idosos. Na vida há acasos que nos fazem pensar e, naquele, calhou estar o mestre na receção. “Queres fazer desporto? Aqui, para ti, só tenho jiu-jitsu”, disse-me ele. Eu, a fazer jiu-jitsu? Nem sabia o que isso era! N\ao fiquei convencido, disse-lhe que aquilo não era para mim. E, de seguida, olhou para mim e disse-me algo que nunca esquecerei: “O JIU-JITSU É PARA TODOS”. Convidou-me para experimentar, uma aula sem compromissos. Andei a pensar naquilo durante quatro dias e só resolvi experimentar quando faltava uma hora para começar. E não faltaram hesitações. Quando me aproximei da porta da Academia, quis tanto ir embora. Ninguém ia dar por nada. Mas tinha dito à minha namorada que ia e não queria que ela pensasse que era um desistente.

 

Fui. O que mais me impressionou foi a atitude do mestre. No espaço de hora e meia, ensinou-me o que era o jiu-jitsu. A perspetiva histórica. Falou daquilo com tanta paixão que me arrebatou. Decidi dar uma oportunidade. E fui à aula seguinte. Dali inscrevi-me e recebi a minha faixa branca. Não vos vou mentir. Aquilo não é fácil. Para um tipo pesado e volumoso como eu, aquilo não é nada fácil. Já acabei treinos com dores, todo amassado. Já me deitei quase sem me conseguir mexer. Já fiquei tonto com aquilo. Entorses, dores nas costelas, etc. Dizem-me que são quase dores de crescimento. Mas, mal saio do treino, só consigo pensar no próximo. Agora que estou a escrever estas linhas, sinto uma vontade do caraças em treinar.

 

Passo a vida a perder naquilo. Já desisti dezenas de vezes. Vou perder muitos mais combates na minha vida. Não é vergonha nenhuma. Só assim se aprende. O jiu-jitsu ensinou-me a ser humilde. A dar tudo por tudo. A não me vergar. A aceitar a derrota, mas sem me render. A retirar coisas boas de tudo. A evoluir. A ser boa pessoa. Essa será a grande vitória. Comigo treinam várias pessoas. Médicos, enfermeiros, eletricistas, etc. Aceitaram-me logo, ajudam-me a melhorar, mesmo um gajo descoordenado como eu. Respeito-os, dou o litro a cada treino. Posso não ser o atleta mais dotado, mas ninguém se esforça mais ou tem mais atitude do que eu.

 

Ontem assisti à minha primeira cerimónia de graduações. Fui por respeito ao mestre, às academias e aos meus colegas. O sucesso deles também é um pouco meu. A minha evolução também é o sucesso deles. Vi pessoas a chorar quando receberam a faixa nova. Até eu fiquei emocionado. Mas não contava ser chamado. Ao fim de três meses de treino, recebi o primeiro grau de faixa branca. E quem mo deu foi o mestre mais antigo de Portugal. “Estou a gostar de te ver lutar. Parabéns pelo esforço”, disse-me ele. Nem quero saber se os outros são melhores. Mas ontem quase chorei quando vi aquele grau.

 

Sinto um orgulho enorme em mim, mas tenho uma vontade e um fogo enorme de treinar mais. Quero vencer as minhas limitações, quero mais graus, quero outra faixa, quero tudo. Aos poucos, vou consegui-lo. Sem pressas. Se os outros conseguem, por que é que eu não o conseguirei também?

 

Há uns meses, jamais pensaria que, hoje, vivia com a minha futura esposa. Que passava roupa a ferro e limpava a cozinha. Que ia às compras e cozinhava. Jamais pensaria que andaria no jiu-jitsu! A vida dá muitas voltas e resta-me sorrir e aproveitar a viagem.

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