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Sou o pior faixa branca de sempre. E é isso que vai tornar a viagem épica. (Entretanto ganhei a faixa azul, o que torna isto ainda mais inacreditável!)
Às vezes aponta-se Espanha como o exemplo a seguir no jornalismo desportivo. A Marca e o As são de Madrid e acompanham os clubes da capital, sobretudo o Real Madrid. O Sport e o Mundo Deportivo acompanham o Barcelona e quase esquecem que o Espanhol também faz parte da Catalunha. Tomás Roncero é apontado como um dos principais jornalistas do As. É fanático pelo Real Madrid, odeia o Barcelona e o Atlético. Assume isso, sem qualquer problemas.
Em Espanha, é frequente os jornais associarem-se às marcas que equipa os clubes e venderem, com os jornais, produtos licenciados dos clubes. Por exemplo, comprar o jornal, entrar num concurso e ganhar uma camisola oficial do Real Madrid.
Em Portugal nunca se assistiu a algo tão claro, mas as coisas podem começar a mudar. Esta quarta-feira, o Benfica anunciou que os novos sócios têm direito a um mês de assinatura do jornal Record. Não tem direito ao jornal do clube, ou à Mística, a revista oficial do Benfica, mas levam para casa um jornal desportivo. Ficam à vista os negócios privilegiados entre o Benfica e a Cofina, a empresa que detém, entre outros, os jornais Correio da Manhã e Record.
Ao longo dos tempos, cada jornal desportivo sempre foi associado a um clube grande: O Jogo com o FC Porto, Record com o Sporting e A Bola com o Benfica. Isso acabou. O Jogo continua a controlar o FC Porto, mas dá imensas notícias de Benfica. A Bola tem boas relações com o Sporting, e raramente dá uma notícia de Benfica. Tudo o que vem do clube da Luz sai direito para o Record. Esta estratégia foi ainda mais clara com João Querido Manha na direção daquela publicação mas, curiosamente, esta decisão surge numa altura em que Record tem nova direção e procura uma aproximação ao Sporting.
Depois de hoje, ficam à vista as relações entre o Benfica e o Record. Esqueçam essa história de que A Bola é o jornal oficial do Benfica. Há muito deixou de o ser. Só os três do costume continuam a acreditar que sim, e a deixarem que o clube controle tudo o que é publicado. E o maior controlo nem sequer por quem manda na Luz, mas sim por quem anda nos gabinetes dos jornais. Não há pior censura do que a autocensura.
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