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Sou o pior faixa branca de sempre. E é isso que vai tornar a viagem épica. (Entretanto ganhei a faixa azul, o que torna isto ainda mais inacreditável!)
Bruno de Carvalho é presidente do Sporting há mais de um ano e mereceu um livro. A obra é da autoria do jornalista Bruno Roseiro, um dos mais informados sobre o clube de Alvalade durante as suas passagens por Record e Expresso, e novo responsável pelas plataformas do Sporting.
O livro «O Presidente Sem Medo» - talvez em homenagem a Pinheiro de Azevedo, o «General sem Medo», tio avô do líder leonino - é uma obra, essencialmente, de propaganda. Apenas e isso. Ao longo de 238 páginas, o autor passa em revista um ano de mandato, e tenta projetar o que será o futuro do Sporting nos próximos anos. Bruno de Carvalho é entrevistado ao longo do livro e vai explicando algumas das suas decisões: desde a reestruturação financeira com os bancos, à relação com os adversários, sem esquecer a mudança de mentalidades implementada em Alvalade. E a grande conclusão: o Sporting precisa de mais sócios.
Do livro chega-se a uma única conclusão. Bruno de Carvalho é descrito como um salvador do Sporting, assume quase uma postura messiânica, um Deus cuja única missão era liderar o Sporting, trabalho para o qual se preparou durante toda a vida. Como se ser líder do clube fosse uma inevitabilidade, como se fosse o maior sportinguista de sempre.
Votei em Bruno de Carvalho nas últimas eleições no Sporting, e não me arrependi nada de lhe ter dado os meus quatro votos. Globalmente, Bruno de Carvalho está a fazer um bom trabalho. Após a pior temporada da história do clube, conseguiu recuperar e reerguer os leões. O Sporting voltou a ser o Sporting, disso não há dúvidas, mas resta saber a que preço.
Ao longo de um ano, Bruno de Carvalho abriu guerras por todo o lado, internas e externas, e não será fácil ao Sporting ser campeão enquanto estiver em conflito com os centros de decisão do futebol português, seja Benfica, FC Porto, Liga de Clubes e, sobretudo, os árbitros.
O que mais me assusta nesta obra quase de propaganda é ver alguém que se julga o próprio clube, ou pior, maior do que o próprio Sporting. Após uma grande temporada, culminada com o apuramento direto para a Liga dos Campeões, a saída de Leonardo Jardim é preocupante. É óbvio que um convite do Mónaco - oferecem três vezes mais do que o vencimento mensal de Jardim em Alvalade - é irrecusável, mas fica a ideia que o Sporting não fez tudo o que estava ao alcance para segurar uma peça fulcral no projeto atual.
O estado de graça de Bruno de Carvalho já terminou. Na próxima temporada, com o FC Porto em mudança de ciclo e com o Benfica em transformação (alguns jogadores vão sair, e até o próprio treinador pode estar de saída), o Sporting está obrigado a lutar pelo título até à última jornada. E não pode ser humilhado na Liga dos Campeões. Se isto não acontecer, Bruno de Carvalho ficará fragilizado e, pior, a falar sozinho. E, aí, não há qualquer livro propagandístico que o possa salvar.
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