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Sou o pior faixa branca de sempre. E é isso que vai tornar a viagem épica. (Entretanto ganhei a faixa azul, o que torna isto ainda mais inacreditável!)
Se Julen Lopetegui não fosse espanhol, seria levado a sério? Eu acho que sim. O "basco", como diz João Gabriel, não disse mentira alguma. Jorge Jesus não tem qualquer tipo de categoria, é boçal e goza de um manto protetor. Não fosse ser treinador do Benfica e queria ver onde estava. A forma como se comporta no banco de suplentes é disso exemplo. Não respeita os árbitros, a área delimitada e é malcriado para a própria estrutura. Quantos aos erros de arbitragem...estamos conversados.
Acabou a jornada 22 e tenho uma certeza: o Benfica vai ser campeão. O jogo de Moreira de Cónegos foi o exemplo daquilo que tem sido a época encarnada. Uma exibição sofrível, erros de arbitragem e os três pontos. No Minho, estavam manietados pelo Moreirense e sofreram o golo de João Pedro. Na segunda parte, com o jogo complicado, surge o empate na sequência de um canto inexistente e depois um jogador é expulso por insultar o árbitro.
Na próxima jornada, recebem o Estoril, clube que jogará sem a habitual dupla de centrais. Yohan Tavares e Ruben Fernandes estavam em risco de exclusão e, claro está, viram amarelo. É mais uma. Esta época, o Benfica já acabou OITO jogos na Liga com mais um jogador em campo. E convém não esquecer alguns golos em fora de jogo, como o de Gaitán ao Gil Vicente. Pelo meio, Deyverson e Miguel Rosa foram impedidos de jogar na Luz…e nenhum tem ligações ao Benfica.
A falta de vergonha é enorme. A equipa do Benfica é normal, a julgar com épocas anteriores. Souberam aproveitar os erros de FC Porto e Sporting, mas a verdade é que, nos momentos de aperto, houve sempre uma mão salvadora.
O domínio do Benfica, esta época, faz lembrar o FC Porto dos anos 90, os anos de ouro da corrupção desportiva, dos quinhentinhos de José Guímaro à viagem dos irmãos Calheiros ao Brasil, paga por engano (disseram eles) pelos dragões. Naqueles anos, nada fugia ao FC Porto. As arbitragens eram subtis, mas não enganavam. Jogadores como João Pinto, André, Fernando Couto e Paulinho Santos podiam agredir quem quisessem que não iam expulsos. Qualquer jogo mais complicado acabava com um penalty nos últimos dez minutos e depois existiam as pequenas coisas. O Salgueiros de Mário Reis era temível contra Benfica e Sporting, mas perdia metade da equipa de forma inexplicável antes de jogar nas Antas. Jorge Silva levou tantos golos de Jardel que, um dia, viu-se a jogar pelo FC Porto emprestado pelo Salgueiros. E foi campeão! Em 93/94, o Sporting perdeu pontos fora com Famalicão e Gil Vicente, em estádios com relvados impraticáveis, cheios de lama. O FC Porto, por exemplo, jogou com o Famalicão no mesmo estádio, mas o relvado estava coberto de areia. Ganharam 5-0…
O Benfica tem sido um pouco disto. É natural. É mais complicado ser campeão com Eliseu, André Almeida e Jardel do que com Siqueira, Garay, Enzo Pérez e Matic. Jorge é Jesus, mas não faz assim tantos milagres. Junta-se a isto uma comunicação social parcial e clubista e é como se nada se passasse.
Esta semana, Bruno de Carvalho denunciou um pedido de reunião com Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, intermediada por Nélio Lucas, responsável da Doyen Sports. Alegadamente, Vieira queria propor uma aliança para dominarem o futebol portugues e dividirem titulos. Bruno de Carvalho diz que recusou. O presidente do Sporting fala de mais. E já ninguém o leva a sério. Mas ninguém investiga esta denúncia. E o jornal Record já provou que existem mensagens que deixam indícios no ar.
A julgar pelo que vejo todas as jornadas, Bruno de Carvalho pode estar a falar verdade. Não me admirava nada.
Não gosto da forma como atua Bruno de Carvalho, mas uma coisa é certa. Está a resultar. Pegou num clube falido, baixou salários, apostou na prata da casa (enquanto não teve dinheiro) e, mais importante do que isso, devolveu o clube aos sócios. Hoje o Sporting coloca quatro mil adeptos no Dragão e luta pela vitória. Podemos não gostar do discurso, mas resulta.
Só Bruno de Carvalho podia juntar Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa na mesma sala. Até apertaram mãos. Os dois clubes com o orçamento maior uniram-se para acabarem com um com o orçamento muito menor. Até escolheram para presidente da Liga uma antiga figura do Sporting, ligada ao passado recente do clube, responsável por quase terem acabado com o Sporting. E irá a tribunal por isso.
Algumas notas sobre o Sporting-FC Porto
1. Grande jogo de futebol, o melhor até ao momento na Liga. Empate mais do que justo, Sporting podia ter resolvido na primeira parte, FC Porto melhor no segundo tempo, com mais oportunidades (Jackson, Herrera e Tello), mas a sofrer com o remate à trave de Capel.
2. Grande primeira parte do Sporting. A pressionar alto, a defender bem, equipa a jogar no campo todo, com intensidade, profundidade e largura. Ala esquerda sempre a carburar, sobretudo quando Carrillo ajudou Jonathan Silva. O Sporting é a melhor equipa a jogar futebol em Portugal, a que mais entusiasma. Marco Silva é bom treinador, gosta de bom futebol e põe as equipas a praticar bom futebol. Foi assim no Estoril, está a ser assim em Alvalade. Dará títulos ao Sporting a médio/longo prazo, assim a Direção lhe dê condições (leia-se bons jogadores).
3. Apesar da grande exibição, o Sporting voltou a demonstrar que ainda não é candidato ao título. Por melhor futebol que o Sporting jogue, a equipa nunca está verdadeiramente confortável em campo. Foi assim em Maribor, foi assim com o FC Porto. Nenhuma equipa pode ser campeã com uma dupla de centrais tão banal. Maurício melhorou, Sarr teve azar no golo. Mas continua a não chegar.
4. A grande pecha do Sporting continua a ser a finalização. O Sporting marca poucos golos para um volume de jogo tão grande. Faltam alternativas a Slimani. Era impossível aos leões aguentarem o ritmo da partida durante os 90 minutos. Mal o meio-campo rebentou, o FC Porto pegou na partida e o empate passou a ser uma questão de tempo. Valeu ao Sporting Rui Patrício.
5. Este FC Porto ainda é um flop. Qualidade não falta aos dragões, mas o FC Porto falha demasiados passes. Está habituado a ter sempre a posse de bola, mas, em Alvalade, não soube reagir à pressão alta do Sporting. Lopetegui está a demonstrar que não tem mãos ainda para tanto craque.
6. Além de demonstrar que não conhece minimamente a Liga portuguesa, Lopetegui queixa-se todas as jornadas da arbitragem. Queixa-se mais do que José Mota. É obra!
7. Quaresma acabou. De vez. Antes do jogo lembrou-se de provocar os adeptos do Sporting com fotografias a beijar o emblema do FC Porto. Queria um ambiente adverso. Não sei se foi pelo aniversário, mas Lopetegui deu-lhe a titularidade. A par de Ruben Neves, foi o pior jogador da equipa. Pouco ou nada fez em campo e podia ter sido expulso, após falta dura sobre Nani. Foi substituído com naturalidade ao intervalo. Numa altura em que o FC Porto tem Óliver, Brahimi e Tello, Quaresma não tem lugar. Ponto. E ainda só está vivo devido à imprensa portuguesa. Quaresma é um daqueles jogadores que pensa que o talento chega para ter tudo. É uma pena. Hoje saiu ao intervalo e ninguém deu por nada...
Às vezes aponta-se Espanha como o exemplo a seguir no jornalismo desportivo. A Marca e o As são de Madrid e acompanham os clubes da capital, sobretudo o Real Madrid. O Sport e o Mundo Deportivo acompanham o Barcelona e quase esquecem que o Espanhol também faz parte da Catalunha. Tomás Roncero é apontado como um dos principais jornalistas do As. É fanático pelo Real Madrid, odeia o Barcelona e o Atlético. Assume isso, sem qualquer problemas.
Em Espanha, é frequente os jornais associarem-se às marcas que equipa os clubes e venderem, com os jornais, produtos licenciados dos clubes. Por exemplo, comprar o jornal, entrar num concurso e ganhar uma camisola oficial do Real Madrid.
Em Portugal nunca se assistiu a algo tão claro, mas as coisas podem começar a mudar. Esta quarta-feira, o Benfica anunciou que os novos sócios têm direito a um mês de assinatura do jornal Record. Não tem direito ao jornal do clube, ou à Mística, a revista oficial do Benfica, mas levam para casa um jornal desportivo. Ficam à vista os negócios privilegiados entre o Benfica e a Cofina, a empresa que detém, entre outros, os jornais Correio da Manhã e Record.
Ao longo dos tempos, cada jornal desportivo sempre foi associado a um clube grande: O Jogo com o FC Porto, Record com o Sporting e A Bola com o Benfica. Isso acabou. O Jogo continua a controlar o FC Porto, mas dá imensas notícias de Benfica. A Bola tem boas relações com o Sporting, e raramente dá uma notícia de Benfica. Tudo o que vem do clube da Luz sai direito para o Record. Esta estratégia foi ainda mais clara com João Querido Manha na direção daquela publicação mas, curiosamente, esta decisão surge numa altura em que Record tem nova direção e procura uma aproximação ao Sporting.
Depois de hoje, ficam à vista as relações entre o Benfica e o Record. Esqueçam essa história de que A Bola é o jornal oficial do Benfica. Há muito deixou de o ser. Só os três do costume continuam a acreditar que sim, e a deixarem que o clube controle tudo o que é publicado. E o maior controlo nem sequer por quem manda na Luz, mas sim por quem anda nos gabinetes dos jornais. Não há pior censura do que a autocensura.
Uma excelente forma de vermos o nível das equipas e do futebol português é a Liga Europa. Ao longo das últimas épocas, FC Porto, Benfica e até Sporting tem conseguido bons resultados nesta prova. O Benfica, por exemplo, foi a duas finais consecutivas. Mas a falta de competitividade do futebol português fica exposta com os resultados das outras equipas.
Esta quinta-feira, por exemplo, o Estoril perdeu (0-1) fora com o PSV, enquanto o Rio Ave foi derrotado em casa (0-3) pelo Dínamo Kiev. Dois resultados perfeitamente normais. O Estoril até teve alguns bons momentos na segunda parte, mas acabou por ter muita sorte. Perdeu por um, podia perfeitamente ter perdido por quatro. Aos 35 segundos (!) de jogo, já o PSV criava perigo.
Se olharmos para a época passada, recordamos as campanhas de Estoril e Paços de Ferreira na Liga Europa. Nenhum foi capaz de ganhar um jogo em seis partidas. O Estoril fez dois pontos e marcou três golos; o Paços fez um ponto e marcou apenas um golo. Pelo caminho já tinha ficado o SC Braga, eliminado pelos romenos do Pandurii. Esta época, também o Nacional falhou o acesso à fase de grupos da prova, depois de perder dois jogos com o Dínamo Minsk. O mesmo Dínamo Minsk foi goleado por 1-6 esta noite pelo PAOK...
O problema reside nos pontos. Todos os pontos conquistados pelas equipas portuguesas no ranking da UEFA têm de ser divididos pelo número de equipas presentes. Seis neste caso. Pouco importa se o Nacional já foi eliminado. A continuar assim, será uma questão de tempo até deixarmos de ter dois clubes com acesso direto à Liga dos Campeões.
Nos anos 90, Boavista e V. Guimarães eliminaram colossos italianos, como o Parma ou o Inter. Nos anos 80, o V. Guimarães deixou o Atlético Madrid pelo caminho. Em 2002/03, o Boavista foi às meias-finais da Taça UEFA e, não há muito tempo, o Zenit, vencedor em título dessa prova, caiu aos pés do Nacional. A última grande proeza de uma equipa média portuguesa foi a presença do SC Braga na final da Liga Europa, em Dublin, com o FC Porto, em 2011. Esse mesmo SC Braga já nem consta desta Liga Europa...
Este é um problema sério do futebol português, do nosso futebolzinho. Todas as equipas estão fracas. Os grandes estão fragilizados, mas o nosso problema são estas formações. Já não vão fazer nada à Europa. Por altura do sorteio, a maior preocupação é uma viagem longa, pois temem não ter orçamento. Aconteceu com o Paços de Ferreira, quando teve que ir a Israel jogar com o Bnei Yehuda.
A solução pode passar pelo aumento na aposta no jogador português. Era uma solução. Mas ninguém está no futebol para o melhorar. Estão para ganhar dinheiro. E o jogador português, enquanto não der comissão, tem de emigrar. Até lá, vamos fazendo figuras tristes na Europa. Hoje foi só uma amostra. Rio Ave e Estoril não vão ganhar qualquer jogo na Liga Europa.
Continuemos a assobiar para o lado.
Está tudo doido com a reação dos adeptos do Benfica no final da partida com o Zenit. Foi bonito, sim senhor, mas serviu para o Benfica mascarar os problemas que possui. O campeão nacional perdeu em casa com uma excelente equipa, mas de segunda linha europeia. Nesse jogo nem meia casa estava, o que devia preocupar ainda mais a SAD encarnada. E o Benfica perdeu com naturalidade, caiu com os próprios erros, falhas cometidas por jogadores sem qualidade para jogar numa Liga dos Campeões.
Habilmente, os assessores de Luís Filipe Vieira colocaram o presidente do Benfica a agradecer a manifestação de apoio. E logo a comunicação social, sempre amestrada, viraram o foco do jogo. De uma derrota óbvia, de uma equipa sem andamento para a Champions, a uma ode ao benfiquismo. Um folclore enorme. Como se já não tivesse acontecido em Portugal. Lembro-me de Alvalade gritar pelo Sporting num jogo com o Belenenses, a poucos minutos do FC Porto se sagrar campeão, por exemplo.
Amanhã, em vez dos jogos de Sporting e FC Porto na Liga dos Campeões, os jornais vão falar da maior vitória moral de sempre do futebol português.
Veremos se existirão mais manifestações destas quando o Benfica for eliminado da prova. Depois do que vi ontem, é uma questão de tempo.
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