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Charlie Hebdo

por umavidasemcouves, em 08.01.15

A onda de solidariedade em torno do atentado de ontem, em Paris, está a ficar tão banal como aquela treta do Ice Bucket Challenge, uma das maiores parvoíces que já vi, que se transformou numa moda ridícula, em contraste com a doença que aflige milhares de pessoas. Não me julguem mal, o que se passou ontem na redação da revista Charlie Hebdo foi um massacre, sem qualquer tipo de justificação. Mas custa-me ver tanto jornalista saloio e inutil a sentir que faz a diferença só por segurar num papel que diga "Je suis Charlie." Sei que não há comparação com o que aconteceu ontem, mas gostava mesmo de ver a mesma solidariedade quando os vossos camaradas são despedidos todos os dias. E, sim, eu também sou Charlie.

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Ninguém vai chorar por nós

por umavidasemcouves, em 16.10.14

A seleção do Irão, treinada pelo português Carlos Queiroz, fez nestes dias um estágio em Lisboa para preparar a participação na Taça Asiática, marcada para o próximo ano. No último dia de estágio, o Irão jogou um particular com o Benfica, no centro de estágio do Seixal. Seria, certamente, o teste mais exigente para a formação asiática, além de ser um bom particular para as águias, sem competição devido aos compromissos das seleções. Por imposição do Benfica, o jogo realizou-se à porta fechada. Mas houve um imprevisto. Alguns iranianos residentes em Portugal e outros que viajaram DE PROPÓSITO a Portugal para verem a seleção também quiseram ver o jogo. O Benfica lá os deixou entrar, mas apenas por insistência da embaixada iraniana em Portugal, presentes também eles no Seixal. O Irão venceu por 1-0, mas ninguém pôde festejar o golo. Por ordem do Benfica, ninguém podia fazer barulho ou manifestar alegria. O jogo era particular e o anfitrião não permite tais manifestações. Mal acabou a partida, os adeptos do Irão deixaram o centro de estágio e queixaram-se. Disseram nunca ter visto algo assim. O Benfica perdeu o bom senso há muito tempo. Os jornalistas são tratados como merda, são impedidos diariamente de informar. Neste momento, é impossível conseguir fazer um bom trabalho naquele clube. Naquele e em qualquer outro. Que os jornalistas sejam tratados como lixo já é naquela. Quem anda nesta profissão tem de aprender a ser humilhado. Mas esta loucura num simples jogo particular foi de mais. Aos poucos, os jornalistas foram arredados de tudo. Falar com um jogador é impossível. No Benfica, por exemplo, é-lhes imposto o medo. Chegam a dizer-lhes que somos o inimigo. Nem ordem têm para dizer "bom dia". Os clubes estão a matar-nos e é uma questão de tempo até acabarmos todos no desemprego. Sem acesso básico a informação, os jornais não podem sobreviver. Um jornal que demorava horas a ser lido, hoje é visto em dois minutos. Pouco ou nenhumas notícias, apenas conteúdos, a maioria imaginativos. O pior disto tudo é que ninguém quer saber. Até os adeptos do futebol já não se interessam. Vamos todos desaparecer. E o mais triste é que ninguém vai chorar por nós.

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Gostava de ser amigo do Casillas

por umavidasemcouves, em 07.10.14
Iker Casillas deu uma entrevista brutal, ontem, no Canal Plus espanhol. O capitão do Real Madrid falou sobre tudo. E uma das perguntas que lhe fizeram envolveram Sara Carbonero. Desde que Casillas casou com a jornalista, passou a ser responsabilizado por fugas de imprensa. Casillas negou ser um «bufo», mas fez questão de esclarecer que é amigo de jornalistas e que não deixou de ser.

«Parece-me injusto que me chamem bufo. Mas entendo que esse movimento tenha começado e tenho de o aceitar. Quero pensar que o treinador e o presidente não me consideram bufo. Mas sabem que tenho uma excelente relação com muitos jornalistas, porque os conheço desde os 16 anos. E isso não acaba, desde que se saiba a diferença entre a relação de jornalista e amigo», disse, ontem, Casillas.

Tenho alguns amigos futebolistas. Não são muitos. Considero-me grande amigo de apenas um. E esse nunca me deu qualquer notícia. Podia dar, mas não deu. Nunca lhas pedi. Sempre percebemos essa diferença. Infelizmente, em Portugal, os jornalistas são vistos como ameaças. Nem vos passa pela cabeça as coisas que os "assessores" colocam na cabeça dos atletas. Chega ao ponto de termos um plantel inteiro passar ao nosso lado e não há um único que diga um singelo "boa tarde." Quando lhes enviamos uma mensagem, respondem com o habitual "não posso falar" a apressam-se a avisar os assessores. A próxima mensagem chega do departamento de comunicação e vem em tom de ameaça.

Ontem, por exemplo, um jovem guarda-redes aproveitou a presença na seleção que representa para falar aos jornalistas. E foi a primeira vez que o fez na vida. «Ainda bem que estou aqui, assim posso falar contigo. No meu clube não me deixam falar com ninguém, depois ninguém sabe quem eu sou», disse o tal jogador.

Ao longo do último ano, regredi imenso como profissional. Chegar a uma informação é cada vez mais difícil. Devia trabalhar em Espanha ou no Brasil. Isto aqui cansa-me.

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Está tudo louco

por umavidasemcouves, em 29.09.14

O Tondela não deixa Rui Nereu falar aos jornais. O Tondela. Repito: o Tondela.

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O Benfica e os jornais

por umavidasemcouves, em 24.09.14

Às vezes aponta-se Espanha como o exemplo a seguir no jornalismo desportivo. A Marca e o As são de Madrid e acompanham os clubes da capital, sobretudo o Real Madrid. O Sport e o Mundo Deportivo acompanham o Barcelona e quase esquecem que o Espanhol também faz parte da Catalunha. Tomás Roncero é apontado como um dos principais jornalistas do As. É fanático pelo Real Madrid, odeia o Barcelona e o Atlético. Assume isso, sem qualquer problemas.

 

Em Espanha, é frequente os jornais associarem-se às marcas que equipa os clubes e venderem, com os jornais, produtos licenciados dos clubes. Por exemplo, comprar o jornal, entrar num concurso e ganhar uma camisola oficial do Real Madrid. 

 

Em Portugal nunca se assistiu a algo tão claro, mas as coisas podem começar a mudar. Esta quarta-feira, o Benfica anunciou que os novos sócios têm direito a um mês de assinatura do jornal Record. Não tem direito ao jornal do clube, ou à Mística, a revista oficial do Benfica, mas levam para casa um jornal desportivo. Ficam à vista os negócios privilegiados entre o Benfica e a Cofina, a empresa que detém, entre outros, os jornais Correio da Manhã e Record.

 

Ao longo dos tempos, cada jornal desportivo sempre foi associado a um clube grande: O Jogo com o FC Porto, Record com o Sporting e A Bola com o Benfica. Isso acabou. O Jogo continua a controlar o FC Porto, mas dá imensas notícias de Benfica. A Bola tem boas relações com o Sporting, e raramente dá uma notícia de Benfica. Tudo o que vem do clube da Luz sai direito para o Record. Esta estratégia foi ainda mais clara com João Querido Manha na direção daquela publicação mas, curiosamente, esta decisão surge numa altura em que Record tem nova direção e procura uma aproximação ao Sporting.

 

Depois de hoje, ficam à vista as relações entre o Benfica e o Record. Esqueçam essa história de que A Bola é o jornal oficial do Benfica. Há muito deixou de o ser. Só os três do costume continuam a acreditar que sim, e a deixarem que o clube controle tudo o que é publicado. E o maior controlo nem sequer por quem manda na Luz, mas sim por quem anda nos gabinetes dos jornais. Não há pior censura do que a autocensura.

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