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Sou o pior faixa branca de sempre. E é isso que vai tornar a viagem épica. (Entretanto ganhei a faixa azul, o que torna isto ainda mais inacreditável!)
O que aconteceu, ontem, em Gelsenkirchen ultrapassa os clubismos. Aconteceu ao Sporting, podia ter acontecido ao Benfica, ao FC Porto ou a outra equipa portuguesa. Podia ter acontecido a um Ajax, um Olympiakos ou um Celtic. Nunca foi tão grave, mas casos destes é o que mais temos.
O que aconteceu, ontem, em Gelsenkirchen é a demonstração perfeita do que se tornou a Liga dos Campeões. Uma prova elitista, entre os clubes que têm dinheiro e os que não têm. Aos mais pequenos nada mais é permitido, a não ser ganhar umas coroas pela presença e tentar ter uma participação digna. Participação essa que passa pela qualificação para a Liga Europa e tentar não ser goleado pelos tubarões.
O que aconteceu, ontem, em Gelsenkirchen faz as pessoas deixarem de acreditar no espetáculo. Tantos erros de uma equipa de arbitragem russa a favor de uma equipa patrocinada...por uma empresa russa (por sinal um dos principais patrocinadores da prova) abre caminho à especulação.
A culpa é da UEFA, que criou este modelo de negócio, e que não vai abdicar dele. No campo, o Sporting provou ser muito melhor do que o Schalke. Esteve a um passo de vencer pela primeira vez na Alemanha. Mas eles não deixam. Por mim, prefiro que o Sporting fique em terceiro e vá à Liga Europa do que se apurar para os oitavos de final. Se o Sporting ousar chegar à segunda fase, nem quero acreditar no que pode acontecer.
Corre na Internet o vídeo do final do jogo de ontem, entre Benfica e Zenit, para a Liga dos Campeões, quando o jornalista da TVI Pedro Neves de Sousa entrevistou Samaris, jogador do Benfica. Ora, como o jornalista não fala grego, e o jogador não fala português, a conversa tinha de ser em inglês, a suposta língua universal. Não correu bem.
Pedro Neves de Sousa bem tentou, mas demonstrou não saber falar inglês. Samaris não percebeu nada, gerou-se ali um momento de desconforto e a resposta foi sofrível. Milhões de espectadores viram a entrevista em direto. E, como é óbvio, o jornalista foi massacrado nas redes sociais. Conheço Pedro Neves de Sousa, é um dos melhores jornalistas que conheço. Tomara que todas as redações tivessem um profissional como ele. Não merece a chacina pública que está a ter, sobretudo dos próprios colegas de profissão, miúdos que passam a vida no Twitter e que nunca deram uma notícia na vida.
Mas, por outro lado, Pedro Neves de Sousa pôs-se a jeito. E quem o enviou para aquele jogo não o ajudou. Hoje em dia, não concebo como pode um jornalista não saber falar inglês, ainda por cima na cultura anglo-saxónica em que vivemos. Se o repórter não sabe falar inglês, não pode estar em direto para milhões de espectadores e estar sujeito a ter de falar aquela língua. Sem culpa alguma, acabou por prestar um péssimo serviço à classe. Não foi só ele que fez figura de parvo. Foram todos os jornalistas.
Está tudo doido com a reação dos adeptos do Benfica no final da partida com o Zenit. Foi bonito, sim senhor, mas serviu para o Benfica mascarar os problemas que possui. O campeão nacional perdeu em casa com uma excelente equipa, mas de segunda linha europeia. Nesse jogo nem meia casa estava, o que devia preocupar ainda mais a SAD encarnada. E o Benfica perdeu com naturalidade, caiu com os próprios erros, falhas cometidas por jogadores sem qualidade para jogar numa Liga dos Campeões.
Habilmente, os assessores de Luís Filipe Vieira colocaram o presidente do Benfica a agradecer a manifestação de apoio. E logo a comunicação social, sempre amestrada, viraram o foco do jogo. De uma derrota óbvia, de uma equipa sem andamento para a Champions, a uma ode ao benfiquismo. Um folclore enorme. Como se já não tivesse acontecido em Portugal. Lembro-me de Alvalade gritar pelo Sporting num jogo com o Belenenses, a poucos minutos do FC Porto se sagrar campeão, por exemplo.
Amanhã, em vez dos jogos de Sporting e FC Porto na Liga dos Campeões, os jornais vão falar da maior vitória moral de sempre do futebol português.
Veremos se existirão mais manifestações destas quando o Benfica for eliminado da prova. Depois do que vi ontem, é uma questão de tempo.
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