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Jorge Jesus no Sporting

por umavidasemcouves, em 04.06.15

A ida de Jorge Jesus para o Sporting é a maior bomba no defeso desde 1993, quando Sousa Cintra aproveitou os problemas financeiros do Benfica e contratou Paulo Sousa e Pacheco. Esteve próximo de adquirir João Pinto, mas Jorge de Brito segurou-o. João Pinto acabou por ir para Alvalade, em 2000, numa transferência quase inevitável.

 

Esta jogada de Bruno de Carvalho deixou os adeptos do Benfica num estado de fúria e incredulidade que nunca vi. A maioria sempre temeu que JJ fosse para o FC Porto. Nunca ninguém temeu o Sporting. Bruno de Carvalho tem uma atitude que não se via em Alvalade desde João Rocha e Sousa Cintra. Uma mistura entre arrojo e irresponsabilidade. Para Bruno de Carvalho não há impossíveis. Veremos o que acontece no futuro.

 

Mas a ida de Jorge Jesus para o Sporting e consequente saída do Benfica levantam várias questões. Aqui ficam algumas que acho pertinentes.

 

A saída

A relação entre Vieira e Jesus estava longe de ser perfeita. E não era de agora. JJ gosta de ter o controlo de tudo, e sentiu que já não o tinha. A contratação de Mukhtar, em janeiro, e de Marçal, Ederson, Diego e Hassan, para a próxima época, não tiveram a sua autorização. JJ não gostou de ver o processo da renovação de Maxi Pereira a arrastar-se. Mais recentemente, não ficou contente quando soube do pré-acordo com Rui Vitória.

 

O treinador do V.Guimarães há muito sabia que seria o substituto de Jesus, ao ponto de ser indemnizado se Jesus ficasse. Vieira sempre pensou que JJ sairia para o estrangeiro, mas os convites que surgiram não lhe agradaram. Ao longo deste último mês, Jesus sabia do interesse do Sporting, e nunca o rejeitou. Informou-se sobre o plantel leonino e foi recolhendo informação. Mas a prioridade era o Benfica. Mas cedo Jesus percebeu que Vieira já não o desejava. As reuniões entre ambos não chegaram a qualquer acordo, e Jesus ficou ainda mais magoado quando o Benfica e Jorge Mendes, à pressa, lhe arranjaram um clube em França. Jesus recusou. Estava consumada a saída do Benfica.

 

Porquê o Sporting?

Acredito que a parte emocional foi importante. Jesus não quis sair de Lisboa devido ao debilitado estado de saúde do pai. Todos conhecem o passado ligado ao Sporting e, pelo que sei, as pessoas mais próximas do treinador encorajaram-no a ir para Alvalade. Mas não vamos ser ingénuos. O contrato milionário também ajudou.

 

O projeto do Sporting

Mais do que roubar o treinador ao rival, contratar JJ significa que o Sporting quer ganhar tudo. Mas pagar seis milhões de euros por ano é loucura. O dinheiro vem de investidores de Angola e Guiné Equatorial. Mas ninguém dá assim tanto dinheiro a fundo perdido. Quais são as contrapartidas?

 

Contratar JJ significa que o Sporting tem de aumentar o orçamento. Jesus não aceitaria os leões sem garantias de ter uma equipa competitiva para lutar por títulos. Acredito que nenhum dos principais jogadores sairá. Aposto que as contratações serão sonantes. Logo, não consigo perceber o que raio vai na cabeça de Bruno de Carvalho. Quando chegou ao Sporting, conseguiu a reestruturação financeira e poupou onde pôde. Impôs tectos salariais e um orçamento para o futebol a rondar os 25 milhões de euros, menos de metade dos rivais. Tem a UEFA à perna com o fair-play financeiro, e decide passar a gastar o que não tem? Veremos o que será o futuro do Sporting e o preço a pagar por esta operação. Com mais três anos de contrato, Marco Silva era perfeito para a estratégia atual do Sporting.

 

A queda da formação

A contratação de JJ significa a queda da formação. Só pode. Mais do que um projecto, a aposta do Sporting na formação era uma filosofia. Mas isso nunca deu campeonatos ao Sporting. Deu aos rivais…Na verdade, a formação do Sporting atravessa uma crise. Abaixo da equipa principal, só vejo quatro jogadores com capacidade de chegar à primeira equipa: Iuri Medeiros, Gelson Martins, Wallyson e Matheus Pereira. JJ é o treinador perfeito para espremer os jogadores. Estou curioso para ver o que conseguirá de William Carvalho, Carrillo ou João Mário. E isso é algo que Marco Silva ainda não tem. E não me parece que alguma vez venha a ter.

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Assobiar para o lado

por umavidasemcouves, em 11.02.15

Agora que já passaram alguns dias depois do derby, e conhecido o corte de relações institucionais entre Sporting e Benfica, apetece-me falar sobre isto. Eu estive em Alvalade no domingo e o que vi? Ódio. Vi ódio, senti ódio. E foi de parte a parte, aqui não há culpados e vítimas. É tudo farinha do mesmo saco.

Vi um adepto do Benfica ser escoltado pela polícia só porque foi a uma roulotte de comida onde estavam sportinguistas. E nem o facto do pai estar ao lado (com um cachecol do Sporting) o impediu de ser quase linchado. Vi a claque do Benfica arremessar cadeiras para a zona onde estavam os adeptos do Sporting, onde estavam crianças! Vi material pirotécnico, vi um verylight lançado pela claque do Benfica para essa mesma zona. É a velha história. Um iogurte não pode entrar, mas os petardos entram todos.

Um dia antes, vi uma tarja criminosa e assassina exibida pela claque do Benfica, a lembrar de forma orgulhosa que tinham morto um adepto do Sporting na final da Taça de Portugal, em 1996. Na bancada estava o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, que nada fez. É inacreditável que a direção do Benfica não tenha condenado aquela faixa. O presidente encarnado passa sempre entre os pingos da chuva, enquanto Bruno de Carvalho é apelidado de fanático e índio. É muito fácil bater no presidente leonino.

Com a confusão instalada, o que se passou no domingo era inevitável. Em vez de cortarem relações, Sporting e Benfica deviam, de uma vez por todas, acabar com isto. Acabar com o poder das claques, fações de adeptos (algumas delas com ligações criminosas) que mandam nos clubes e que instigam tudo isto. Mas não me parece existir interesse de ambos. Em 1996, morreu uma pessoa num estádio a ver uma final da Taça de Portugal. Teve o azar de estar no lugar errado, à hora errada. O que aprendemos com isso? Nada. A continuar assim, vão morrer mais pessoas nos estádios. E vamos continuar a assobiar para o lado.

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O saco de gatos da Luz

por umavidasemcouves, em 06.11.14

Ao longo dos últimos tempos, o Benfica transformou-se num enorme saco de gatos, embora pouca gente o consiga ver. O clube gravita todo em torno de Luís Filipe Vieira, um presidente que se vai eternizando no poder e, julgo eu, estará cerca de 30 anos no poder. Já vai em onze...Adiante. Vieira é uma figura sem oposição e com a capacidade de transformar os inimigos em fundamentalistas da causa Vieira, não do Benfica. Nomes como António-Pedro Vasconcelos e Rui Rangel já criticaram fortemente (e publicamente) o presidente encarnado, mas hoje são alguns dos maiores apoiantes de Vieira. Vieira é inteligente. Gosta de ter os amigos perto, mas prefere ter os inimigos ainda mais perto. Todavia, a convivência entre alguns deles não é fácil e começa a ser visível. Na semana passada, José Nuno Martins, diretor do jornal O Benfica, chamou «palerma» a Bruno de Carvalho, em mais um texto fundamentalista de apoio a Vieira. Ora João Gabriel, diretor de comunicação do Benfica e um dos braços-direitos de Vieira, veio a público (ver aqui) esclarecer que aquela era a opinião de José Nuno Martins e que não a vincula ao Benfica. Das duas uma. Ou as águias não têm interesse em hostilizar as relações com o Sporting...ou o saco de gatos ficou à vista de todos.

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